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O futuro do trabalho ainda é uma incógnita - principalmente para os 60+

O envelhecimento da população e o turbilhão tecnológico que vem deixando o mundo de pernas para o ar mudaram a maneira como devemos encarar a carreira

Victoriana Leonora Gonzaga, advogada especializada em direitos humanos
Victoriana Leonora Gonzaga, advogada especializada em direitos humanos

O mercado de trabalho está em transformação acelerada, com a IA mudando o perfil das vagas e exigindo novas habilidades. A incerteza é alta, e tanto trabalhadores quanto empresas precisam se adaptar rapidamente, investindo em requalificação e buscando flexibilidade.


Para quem já passou dos 60, diante do avanço frenético da tecnologia e da possibilidade (ou necessidade) de continuar trabalhando, está cada vez mais difícil prever como vai ser o “amanhã” profissional. Foi esse o ponto de partida da coluna 50+ Vida e Trabalho de Maria Tereza Gomes, fundadora e CEO da Jabuticaba Conteúdo, que foi publicada em 10 de julho na revista Época Negócios. Para jogar luz no tema, ela entrevistou Victoriana Leonora Gonzaga, advogada especializada em direitos humanos, direito internacional e sustentabilidade que marca presença em fóruns internacionais que discutem o futuro do trabalho. Na conversa, Tereza explorou o impacto do binômio tecnologia/envelhecimento

nos direitos humanos.


Sem tempo para respirar

A tecnologia não para. Se antes a gente tinha décadas para se adaptar a uma mudança, hoje as coisas se transformam em um piscar de olhos. O tal “plano de carreira” virou uma colcha de retalhos: formação aqui, transição ali, e uma reinvenção algum tempo depois.

"Em 50 ou 60 anos de trabalho, um profissional pode passar por dez transições de carreira. As empresas precisam começar a valorizar trajetórias não lineares e diversidade de experiências"- Victoriana Leonora Gonzaga

Outro ponto que deve entrar no radar das organizações é a diversidade etária, que também é uma pauta de diversidade, equidade e inclusão (DEI), ao lado das já estabelecidas políticas de gênero, de etnia, de orientação sexual e de inclusão de pessoas com deficiência. Na hora de contratar, idade não pode ser critério para desclassificação. As empresas precisam se preparar para um cenário onde diferentes gerações vão dividir (ou já dividem) o mesmo escritório. Mentorias intergeracionais e planos de carreira que consideram as várias fases da vida devem ser cogitados.


Reskilling e upskilling

Em um cenário em que vamos trabalhar por até seis décadas, a vida profissional vai se transformar várias vezes. Para isso, lembra Victoriana, é preciso criar mecanismos de apoio para requalificação e atualização profissional, uma responsabilidade tanto das empresas quanto dos governos. Essa estrutura de apoio pode vir na forma de bolsas de estudo, de créditos para reinserção profissional e de programas de readaptação.


O problema, diz a advogada, é que o Brasil pouco investe em lifelong learning (aprendizado ao longo da vida, em tradução livre). A maioria dos recursos públicos para a educação é direcionada para os primeiros anos. "A gente precisa de uma estratégia nacional que leve em conta não só a educação, mas também a empregabilidade e a transformação digital.  A meu ver, as soluções envolvem sinergia entre governo, legislação e empresas", pontua Victoriana.


Incerteza também para os jovens

No artigo "What the labor market isn’t telling you—yet" (O que o mercado de trabalho não está dizendo para você - ainda, em tradução livre), publicado em junho de 2025, a consultoria McKinsey ressalta que a incerteza é para todo mundo. O texto destaca alguns fenômenos como IA autônoma, envelhecimento da força de trabalho, mudança de prioridades dos jovens, que estão em rota de colisão com a realidade tal qual a conhecemos.


Segundo o texto, a IA generativa não elimina totalmente os empregos, mas transforma as funções, principalmente em áreas de conhecimento (marketing, RH, contabilidade, desenvolvimento de software). Já as funções que exigem presença física, caso de enfermeiros e de motoristas, por exemplo, serão menos afetadas por enquanto.


Tudo isso está levando à demanda por novas habilidades ligadas à IA como engenheiros de prompt e consultores de IA. Segundo a Mckinsey, a exigência por diplomas e anos de experiência está diminuindo, já que as empresas tendem a focar em habilidades práticas. O CEO do banco Standard Chartered, Bill Winters, concorda com a pesquisa da McKinsey. Em entrevista para a revista Fortune, traduzida no Brasil pelo Estadão, Winters, que tem MBA pela renomada Wharton Business School, afirmou que o curso "foi uma perda de tempo". Ele afirma: "Aprendi a pensar na universidade, mas nos 40 anos seguintes essas habilidades (técnicas) se degradaram".




 
 
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