Cada vez mais, a comunicação é estratégica para dar transparência às iniciativas voltadas para o meio ambiente, o social e a governança, mas os profissionais da área precisam trabalhar mais próximos dos especialistas em finanças
Tatiana Assali fala sobre o futuro da agenda ESG
Entram em vigor no dia 1º de janeiro de 2024 duas novas normas estabelecidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), que vão padronizar as divulgações relacionadas à sustentabilidade e fatores climáticos. Criado em 2021, o ISSB é um órgão independente do setor privado que desenvolveu e aprovou as normas IFRS S1 e IFRS S2. Segundo a especialista em finanças verdes, Tatiana Assali, sócia e diretora da consultoria NINT, as normas têm impacto direto para os profissionais de comunicação.
"Vocês vão precisar entender de planilha", disse durante o evento "A comunicação para ESG" promovido pela JABUTICABA CONTEÚDO e pela Aberje (Associação Brasileira de Comunicação empresarial) no dia 30 de agosto. Além de Tatiana, outro especialista em finanças sustentáveis esteve presente ao vento: Carlos Takahashi, vice-presidente da Anbima (Associação Brasileira das entidades do Mercados Financeiros e de Capitais). A moderação das discussões ficou a cargo da jornalista Maria Tereza Gomes, CEO da Jabuticaba e de Hamilton dos Santos, diretor executivo da Aberje.
Como escreveu Regina Sanches, coordenadora de Comunicação e Marketing na GHT4, em post do Linkedin, o tema "é uma revolução que nos convida a refletir sobre a transparência e responsabilidade que as companhias estão dispostas a fornecer e até onde estão prontas para ir". No encontro, ficou claro que a forma de comunicar será cada vez mais regulamentada, como mostram as normas ISSB. Neste novo contexto, os profissionais de comunicação devem atuar próximos às áreas financeiras e de relação com os investidores para garantir que a comunicação seja integrada e as informações sejam transmitidas com clareza e transparência.
Durante o encontro, aconteceu o lançamento da 2ª temporada de Insiders - Os protagonistas da comunicação de ESG , que este ano destaca profissionais de seis empresas que são modelo para o mercado: LATAM Airlines, União Química, Toyota, Avon, Ultracargo e BRF. Na foto, cena de gravação na Avon. Leia mais aqui no blog.
Na abertura do encontro, Hamilton dos Santos enumerou os desafios atuais da comunicação nas corporações: a guerra cultural que arrasta o ESG; a saturação de linguagem (apropriação de temas relacionados ao ESG com vulgaridade); o difícil equilíbrio entre segurança da informação e transparência e, por fim – talvez o maior deles -, a mensuração dos resultados das iniciativas de ESG.
Tatiana Assali, Hamilton dos Santos e Maria Tereza Gomes
Dentre todos os desafios que a área de comunicação enfrenta para dar transparências às ações de ESG, Tatiana foi taxativa: "Por favor, parem de fazer relatórios com fotos de criancinhas em campos de lavanda. Mostrem informações que correspondem à realidade, porque o mercado tem equipes preparadas para avaliar e medir a sustentabilidade de uma empresa e sua capacidade de honrar seus compromissos".
Carlos Takahashi também falou sobre a importância dos relatórios anuais integrados, que apresentam tanto as informações financeiras quantos as de sustentabilidade. Mas alertou: “O relatório é um bom começo para uma empresa mostrar suas iniciativas de ESG, mas não termina nele. Cada vez mais as empresas vão passar por escrutínio pelos investidores”. Outros dois temas que apareceram no evento foram as práticas de greenwashing (quando uma empresa declara ser mais sustentável do que realmente é) e greenhushing (quando empresas se recusam a divulgar metas de sustentabilidade por medo de serem cobradas lá na frente). Takahashi lembra que nenhuma dessas iniciativas é boa prática. “As empresas precisam modular a narrativa porque o mercado sabe quando a informação não procede", disse.
A live completa está disponível no nosso YouTube.
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