Veja nossa seleção de desafios, boas práticas e ferramentas que vão ajudar sua empresa a (efetivamente) fazer parte da conversa do principal evento de sustentabilidade do ano que vem
O que sua empresa tem feito por um mundo melhor? Já definiu metas Net Zero? Como está o compromisso com direitos humanos? Quais são as estratégias climáticas corporativas de médio e longo prazo? Essas são perguntas que a sua empresa provavelmente vai ouvir ao longo de 2025. A COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro, trará esses temas para a agenda da imprensa, dos governantes, das ONGs, do seu CEO e dos conselheiros de administração. Certamente, a COP 30 impactará sua rotina de comunicação corporativa, exigindo que você entregue uma comunicação estratégica, responsável e capaz de engajar os stakeholders.
Aqui na Jabuticaba Conteúdo, acreditamos em algumas tendências específicas para 2025 e além:
Comunicação transparente e baseada em dados
Desafios e impacto: em um ano de extrema visibilidade para o Brasil, as empresas enfrentarão uma cobrança ainda maior por transparência. E e a comunicação baseada em dados ajudará a sustentar a credibilidade das suas ações de ESG.
Boas práticas: relatórios e dashboards de desempenho em ESG, preferencialmente em tempo real, permitirão uma visão clara dos impactos ambientais, sociais e de governança. A Vivo, por exemplo, acompanha 8.000 pontos de dados relativos a suas 15 iniciativas, conforme declarou Fernando Rodrigues da Silva, gerente de Estratégia ESG da empresa, durante o evento “A importância dos ratings, rankings e índices de ESG para a reputação das empresas”, em setembro, promovido pela Aberje (saiba mais aqui).
Ferramentas: a adoção de KPIs padronizados garante uma comunicação consistente e confiável. Existem mais de 20 ferramentas no mercado, cada uma atendendo a diferentes a necessidades, desde o GRI, com uma abordagem mais ampla, até o CDP (anteriormente conhecido como Carbon Disclosure Project), mais focado no gerenciamento de impactos ambientais. "Antes de escolher a ferramenta, é importante fazer a matriz de materialidade", afirmou Virgínia Nicolau Gonçalves, coordenadora da Comissão ESG do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), durante o XXI Seminário Internacional FACPCS Normas Internacionais de Contabilidade e de Sustentabilidade, realizado em 30 de outubro no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo. "A matriz define o que é relevante e, a partir dela, a empresa escolhe a ferramenta adequada à sua materialidade específica."
2. Storytelling com propósito e humanização das narrativas
Desafios e impacto: em meio a desconfianças de greenwashing (maquiagem verde), o storytelling será essencial para comunicar ações genuínas de ESG. O storytelling humaniza a comunicação baseada em dados mencionada no item anterior. "Uma boa história não apenas inspira, como também faz as pessoas agirem pelo coração, porque acreditam, porque veem sentido", diz Maria Tereza Gomes, diretora de conteúdo da Jabuticaba, autora, entre outros, do livro O chamado - você é o herói do próprio destino (2016), que utiliza a jornada do herói, descrita por Joseph Campbell em 1949, para avaliar a carreira de presidentes de empresas.
Boas práticas: compartilhar histórias autênticas de colaboradores e comunidades impactadas pode fortalecer a percepção de responsabilidade e engajamento da empresa. As boas histórias não estão apenas no pilar social do ESG; elas também podem e devem ser encontradas nos projetos de meio ambiente e nas estratégias de governança. lembre-se que 90% das 169 metas relacionadas aos 17 ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) têm algum impacto nas pessoas.
Ferramentas: vídeos isolados ou em séries, infográficos e conteúdos interativos nas redes sociais internas e externas, especialmente voltados a narrativas que causem impactos concretos e apresentem os benefícios reais da atuação ESG. Mostre, não apenas fale.
3. Comunicação voltada para educação e conscientização
Desafios e impacto: O que são os 17 ODSs? O que é o mercado de carbono? Como a emergência climática realmente afeta o dia a dia de uma pessoa comum? Tendo a COP30 como catalisador, o público buscará compreender melhor as expressões e desafios da Agenda 2030 e qual o papel das empresas no enfrentamento das mudanças climáticas e de outros problemas ESG.
Boas práticas: investir em EADs e campanhas educativas para colaboradores, familiares e clientes, esclarecendo o papel da empresa em práticas sustentáveis e suas contribuições para a agenda ESG.
Ferramentas: considere a produção de pequenos vídeos que expliquem cada um dos ODS de forma simples e acessível; webinars, podcasts e e-books que forneçam contexto e insights sobre sustentabilidade na prática, além de explicar os compromissos assumidos pela empresa.
4. Engajamento ativo com stakeholders e comunidades locais
Desafios e impacto: a participação ativa das empresas junto às comunidades afetadas por suas operações será decisiva para construir uma imagem sólida de ESG.
Boas práticas: realizar consultas e envolver stakeholders locais em decisões que afetam suas comunidades, alinhando práticas ESG às demandas locais. Um bom benchmarking é o projeto Territórios Resilientes, da Suzano S/A, que é explicado por Glaucia Dias, gerente de Comunicação e Marca, no episódio de Insiders, websérie produzida pela Jabuticaba Conteúdo em parceria com a Aberje (abaixo).
Insiders: episódio apresenta case de comunicação com múltiplos stakeholders
Ferramentas: plataformas de engajamento que permitam o envolvimento de múltiplos stakeholders, oferecendo informação, treinamento e serviços às comunidades. Não esqueça de manter uma ferramenta aberta para feedback constante.
5. Uso da Inteligência Artificial para personalização e monitoramento
Desafios e impacto: as empresas precisarão usar a IA para monitorar seus impactos e personalizar a comunicação para diferentes públicos.
Boas práticas: utilizar IA para analisar dados de impacto ambiental e social, além de identificar temas relevantes para cada audiência.
Ferramentas: desenvolver um "CHAT GPT" especializado em suas políticas, práticas, projetos e metas de ESG para consulta permanente por parte dos funcionários. Além de promover o alinhamento de narrativas, acrescenta agilidade, alinhamento e confiabilidade das informações. Isso é importante para respostas rápidas a questionamentos da imprensa, investidores e clientes. Você pode ainda usar IA para análise de sentimento e avaliar percepções do público, além de algoritmos para segmentação de conteúdo.
6. Prontidão para eventos extremos
Desafios e impacto: o aumento da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos, como enchentes, incêndios florestais, secas e furacões, exige prontidão dos profissionais de comunicação. As empresas enfrentam uma pressão crescente para se posicionarem e comunicarem claramente suas estratégias de resposta, resiliência e apoio às comunidades afetadas.
Boas práticas: durante e após eventos extremos, empresas são cobradas pela sociedade e pelos stakeholders para demonstrar solidariedade e ações de suporte às comunidades impactadas. A comunicação precisa ser rápida, transparente e articulada em vários canais para atingir diferentes públicos. Empresas que tomam medidas preventivas e participam de ações de mitigação de riscos climáticos fortalecem sua reputação.
Ferramentas: use todas as ferramentas disponíveis, mas verifique se o canal utilizado pode ser acessado por quem precisa da informação em um momento de urgência. Durante as enchentes no Rio Grande do Sul, em maio deste ano, a comunicação do Banco do Brasil foi ágil nas respostas às necessidades de funcionários, clientes e outros stakeholders. A história é contada no vídeo abaixo por Sergio Gonçalves Freire, gerente executivo de Relacionamento com a Imprensa do Banco do Brasil, em mais um episódio da websérie Insiders.
Foco em diversidade, equidade e inclusão (DEI)
Desafios e impacto: durante o B20 Brasil Summit, realizado em São Paulo, em outubro (saiba sobre o B20 mais neste post), foi destacado que grupos sub-representados enfrentam desafios significativos na inclusão social, levando a profundas implicações éticas e comerciais. O B20 Brasil priorizou a equidade e inclusão das mulheres, dedicando uma força-tarefa 100% para sugerir ações que eliminem as ativamente as barreiras sistêmicas. A comunicação tem papel importante não apenas para reforçar as políticas e práticas, mas também no letramento sobre DIE dos diversos grupos de diversidade.
Boas práticas: mostrar ações concretas e resultados mensuráveis sobre DEI, promovendo iniciativas inclusivas e de letramento dentro e fora do ambiente de trabalho.
Ferramentas: volte ao item 2 e veja como usar o storytelling para promover transformações de longo prazo. Pense em campanhas internas e em redes sociais, relatórios de progresso em DEI e colaborações com influenciadores ou líderes comunitários.
8. Alinhamento aos Objetivos globais e à agenda COP 30
Desafios e impacto: a COP30 exigirá das empresas uma comunicação alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e aos acordos de emissões de carbono.
Boas práticas: incorporar os ODS e os compromissos da COP30 em todas as estratégias de comunicação, com relatórios detalhados sobre como contribuem para essas metas.
Ferramentas: publicação de roadmaps e planos de ação voltados ao público, com pontos de alinhamento claros entre as práticas ESG da empresa e as metas globais.
Essas tendências demonstram como a comunicação para ESG em 2025 será mais integrada, educativa e centrada no impacto positivo que as empresas podem ter no mundo, principalmente em um momento tão simbólico para o Brasil e para a agenda global de sustentabilidade. Sem perder de vista a prontidão para os eventos climáticos extremos.