Resolução inédita acompanha normas globais de padronização divulgadas em junho pelo ISSB e serão obrigatórias a partir do exercício de 2026
Nesta época do ano, uma das grandes demandas da área de Comunicação Corporativa é a elaboração dos relatórios anuais integrados -- uma ferramenta que as organizações utilizam para apresentar seus indicadores sociais, econômicos e ambientais em relação ao ano anterior. Embora busquem a transparência, um dos problemas mais sérios na análise de dados de sustentabilidade divulgadas nesses relatórios são as diferentes metodologias e parâmetros utilizados por diversas companhias.
A falta de padronização, no entanto, está com os dias contados. No dia 20 de outubro, a resolução CVM 193, publicada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tornou o Brasil o primeiro país no mundo a adotar as regras S1 e S2 do Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (International Sustainability Standards Board, ou na sigla ISSB), aprovadas em junho, que estabelecem um padrão global para as informações relacionadas à sustentabilidade e ao clima. O ISSB é ligado à IFRS Foundation, responsável pelo padrão contábil mais adotado no mundo. No Brasil, as regras valem de forma voluntária a partir do exercício de 2024 para todas as empresas com registro de companhia aberta na CVM. Os relatos publicados a partir de 2027, com dados do exercício de 2026, serão obrigatórios.
A IFRS S1 General Requirements for Disclosure of Sustainability-related Financial Information estabelece os requisitos para divulgação de informações sobre os riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade. Já a IFRS S2 Climate-related Disclosures trata da divulgação de resultados relacionados ao clima. As informações que devem ser detalhadas referem-se à Governança (atribuições e responsabilidades sobre questões socioambientais), à avaliação e gestão de riscos, à estratégia adotada pela empresa e às metas e métricas usadas para medir resultados.
Tatiana Assali, da NINT: evento na Jabuticaba debateu a comunicação de temas ESG
As duas normas foram discutidas em agosto no evento “Comunicação para ESG” promovido pela JABUTICABA CONTEÚDO em parceria com a Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), com a presença dos especialistas em finanças verdes, Tatiana Assali, sócia e diretora da consultoria NINT, e Carlos Takahashi, vice-presidente da Anbima (Associação Brasileira das entidades do Mercados Financeiros e de Capitais). Ambos destacaram a importância dos comunicadores para que as empresas sejam cada vez mais transparentes em suas informações relacionadas aos temas ESG e ao clima.
O novo paradigma torna a área de comunicação ainda mais estratégica para as companhias, mas ao mesmo tempo traz para os profissionais da área os desafios de conhecer e adotar a linguagem contábil e de trabalhar mais próximos às equipes de finanças e de relações com investidores. A resolução da CVM é, segundo João Pedro Nascimento, presidente do órgão, mais um passo dentro de um amplo programa voltado para finanças sustentáveis no Brasil. Clique e conheça as 17 iniciativas da autarquia dentro do Plano de Ação de Finanças Sustentáveis para 2023-2024.
Leia aqui a reportagem publicada no blog sobre o evento “Comunicação para ESG”.