Vídeo da Jabuticaba Conteúdo exalta a beleza e a fragilidade do nosso planeta. Corrida contra o tempo exige ações urgentes para frear as emissões dos gases de efeito estufa
A celebração, em 22 de abril, do Dia da Terra causou impacto no mundo com as informações sobre o aumento do aquecimento global. Celebração, talvez não seja a palavra correta, no momento que atingimos índices altíssimos de concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Mais que reflexiva, a data é um chamamento para a ação urgente, para o trabalho árduo e contínuo para conter as piores consequências decorrentes do aquecimento global.
Vídeo da Jabuticaba lembra que Terra é planeta único, insubstituível
Como frear a poluição desmedida das águas, do ar e a destruição da biodiversidade?
Um artigo recente publicado pelo jornal americano New York Times, revela que estudos da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), agência científica do governo dos Estados Unidos, dedicada ao estudo e previsão do clima, oceano e atmosfera, apontam que as emissões de três gases de efeito estufa – o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso -- aumentaram muito nos últimos anos, mas principalmente em 2023, quando atingiram níveis históricos. Segundo a agência, fundada em 1970, as concentrações globais médias de dióxido de carbono foram a mais alta desde sua fundação em 1970.
Mas não apenas o CO2. Os níveis de metano e óxido nitroso também aumentaram acentuadamente no ano passado, apesar de uma onda de políticas globais e incentivos econômicos projetados para desvincular o mundo dos combustíveis fósseis. O relatório sobre a Lacuna de Emissões 2023, publicado no final de 2023 pela Organizações das Nações Unidas (ONU), apresenta um prognóstico preocupante: “se não mudar a tendência de alta das emissões globais de gases do efeito estufa, os níveis de 2030 estarão 22 giga toneladas (Gt) acima do limite de 1,5º C graus. O relatório conclui que houve progresso desde que o Acordo de Paris foi assinado em 2015. As emissões de gases de efeito estufa em 2030, com base nas políticas em vigor, foram projetadas para aumentar em 16% no momento da adoção do acordo. Hoje, o aumento projetado é de 3%. No entanto, as emissões de gases de efeito estufa previstas para 2030 ainda precisam cair 28% rumo aos 2°C do Acordo de Paris e 42% para os 1,5°C.
Os três vilões do aquecimento
Os três gases - o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso - são responsáveis por fenômenos cada vez mais intensos: o acelerado aquecimento da terra, derretimento das geleiras, as águas dos oceanos cada vez mais quentes. Veja como cada um desses gases impactam no aquecimento global:
Dióxido de carbono – De acordo com a NOAA, só em 2023 foram emitidas 36,6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera: 50% mais alto do que antes da revolução industrial. Isso se deve à queima de combustíveis fósseis como óleo, carvão e gás, fontes de emissões de CO2. E o futuro é preocupante, pois mesmo que a produção de energia renovável esteja acelerando, a demanda por combustíveis fósseis continua forte em todo o mundo. Infelizmente, os combustíveis fósseis não são a única fonte de dióxido de carbono; os incêndios florestais naturais que ocorrem de forma extraordinária como os ocorridos no Canadá, na Europa e no Chile no último ano também contribuem para o aumento do CO2 na atmosfera.
Quanto mais dióxido de carbono, mais alta a temperatura
Gráfico do New York Times mostra a relação entre o aumento da temperatura e do CO2 na atmosfera desde 1979
Metano – O gás metano (CH4) que é proveniente de diversas fontes como erupções vulcânicas, decomposição de matéria orgânica, exploração de minerais, entre outras, teve um rápido aumento na concentração atmosférica durante a década de 1980, se estabilizando no final dos anos de 1990 e início dos anos 2000. Entretanto, em 2007, começaram a aumentar novamente, e de forma rápida. Embora se decomponha mais rapidamente que o dióxido de carbono, o metano é um gás de efeito estufa especialmente potente, pois é mais eficaz em prender o calor na atmosfera. Os pesquisadores reconhecem que não entendem totalmente o que causou a estabilidade relativa da produção de metano, apresentando depois crescimento renovado. O que está claro, porém, é que as emissões de metano estão muito altas. O ano passado foi registrado o quinto maior salto na concentração de metano desde o início dos registros, e os níveis de metano estão agora 160% mais altos do que antes da revolução industrial, de acordo com a NOAA.
Óxido nitroso – Embora muitas vezes receba menos atenção em comparação com o dióxido de carbono e o metano, o óxido nitroso ((N2O) tem forte influência nas mudanças climáticas. Sua potência como gás de aprisionamento de calor, juntamente com sua crescente presença na atmosfera, destaca a urgência de abordar suas fontes e atenuar seus impactos. As principais fontes de emissões de óxido nitroso estão intimamente ligadas às atividades humanas, especialmente nos campos da agricultura e do transporte. Fertilizantes nitrogenados e esterco utilizados em práticas agrícolas e aviação liberam quantidades significativas de N2O na atmosfera. Assim como o dióxido de carbono e o metano, os índices de óxido nitroso também aumentaram significativamente na atmosfera desde a era pré-industrial: 25% em um período relativamente curto.
Enfrentar o desafio de reduzir as fontes de emissões desses principais gases requer esforços concentrados. Há muito por fazer e que deve ser feito urgentemente. Somente os esforços concentrados de todos permitirão retardar e potencialmente reverter os efeitos adversos das mudanças climáticas em nosso planeta. Parafraseando Guimarães Rosa, o que a vida quer da gente é coragem para transformar o planeta que está em ebulição.
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